A Arte Nova, que se expressava principalmente através dos materiais modernos como o ferro, o betão, o vidro... Tardou a chegar a Portugal, bem como a arquitectura do ferro: só por volta de 1860 começam as primeiras construções metálicas, só em 1890 se verificaria um aumento da construção de edifícios deste género no país, tendo contribuído para este feito o próprio Gustave Eiffel, um dos engenheiros mais conceituados da época.
O estilo da Arte Nova só se viria a instalar em Portugal após este “surto” de arquitectura do ferro, e fá-lo-ia de forma muito discreta: as famílias mais “refinadas”, e a par das ultimas novidades da arte (que eram geralmente conseguidas em revistas) decoraram o seus lares com este estilo; e, sendo a maioria dos proprietários estrangeirados, as suas casa ficaram conhecidas como “casas brasileiras”.
Este estilo, particularmente decorativo, verificou-se em Portgal principalmente nos desenhos das fachadas e nalguns métodos de decoração, como por exemplo os azulejos; porém, este movimento incidiu também sobre artes como a cerâmica, a orivesaria, os têsteix... enfim, um pouco por todas as artes, verificando-se a Unificação das Artes, defendida por William Morris.
As fachadas passaram a ser concebidas com linhas curvas e contra-curvas, angulosas e sinuosas.
Verificou-se, através do uso de ferro, a decoração de janelas com grandes flores e folhas metálicas, e eram desenhadas para as grades das varandas complexas decorações. Para a casa de José Malhoa, foi mesmo desenhado um grande portão de ferro, pintado de cor-de-rosa, com a forma de uma grande borboleta.
Apesar de todo o seu dinamismo, esta decoração pouco dava nas vistas, uma vez que ao contrário do que se verificara nos restantes países da Europa estas novas formas eram utilizadas apenas nas janelas, sem que a parede do edifício adoptasse qualquer movimento ou volume.
Estas novas formas foram conseguidas através da aliança dos novos materiais, e dos materiais nobres, como a pedra, que continuaram a ser bastante utilizados em Portugal.
O azulejo, de cores quentes e apelativas, passou a ser utilizado na decoração de fachadas, de tímpanos, mesmo de algumas entradas de edifícios ou janelas.
Em Portugal, foram tão comuns os azulejos de desenhos assimétricos como simétricos, distinguindo-se neste aspecto dos outros países da Europa. Também em oposição aos outros estados Europeus, Portugal não buscou inspiração no seu folclore ou tradições, preferindo a representação de motivos florais, e, por vezes, da figura feminina. Outra particularidade portuguesa, foi a de, na maioria dos casos, os arquitectos autores dos edifícios não conceberam a sua decoração, prática bastante popular no movimento da Arte Nova.
Ainda assim, como o restante continente, os artistas portugueses preferiram as linhas curvas às rectas, notando-se mesmo algumas reproduções de nós celtas, que eram utilizados para desenhar as complexas representações bidimensionais e de cores fortes de plantas.
Os artistas portugueses serviram-se dos azulejos para decoradar não só os exteriores mas também os inteiriores dos edificios, criando variados padrões bidimensionais e de cores fortes, geralmente inspirados em plantas, cujos caules permitiam desenhos complexos de linhas e nós.
Dentro dos edifícios, as colunas e arcos foram decorados com esculturas que representavam figuras femininas e formas orgânicas, especialmente flores. Tudo era representado através de linhas curvas e contra-curvas, em que o cabelo das mulheres se confundia com os caules das plantas.
Uma das fachadas mais caracteristicas deste estilo em Portugal, foi a do Animatógrafo do Rossio, fundado no dia 8 de Dezembro de 1907 pelos irmãos Joaquim Cardoso Correia e Ernesto Cardoso Correia.
Os ornamentos foram feitos em madeira, com linhas curvas, de cariz vegetal. Os azulejos, de cores fortes, com predominancia das mesmas linhas curvas, e representando duas figuras femininas, foram da autoria de M. Querriol.
A Arte Nova faz-se sentir também no edificio da “Pastelaria Tentadora”, localizado no gaveto da Rua Saraiva de Carvalho com a Rua Ferreira Borges; através dos formatos das janelas, da decoração com azulejos e das grades das varandas.
Este edificio foi desenhado por Ernesto Kondorri.
Também a leitaria “A Camponesa”, situada na Rua dos Sapateiros, se insere neste movimento, devido à fachada decorada com os azulejos de Jorge Pinto, onde está representada uma jovem minhota, rodeada de plantas e outros motivos orgânicos.
A tabacaria do Mónaco está também situada no estilo da Arte Nova: encontra-se no largo de D. Pedro IV, no Rossio, e possuiu azulejos e pinturas da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro e António Ramalho, respectivamente.
A Estação do Metro de Picoas, na rua Andrade Corvo, pertence também à Arte nova: é, aliás, muito parecida com as estações de metro Parisienses da época. O que a torna caracteristica da Arte Nova, são a utilização de materiais modernos, como o ferro e o betão, e as formas orgânicas, curvas e dinâmicas, com que esses materiais são trabalhados.
Este espaço é da autoria de Hector Guimard um arquitecto francês, que ofereceu a sua arte a Portugal como presente.
A Garagem Auto-Palace, de Viellard e de Touzet, é outro exemplar deste estilo. É caracterizado, especialmente, pelos vitrais com ilustrações alusivas ao trabalhos realizados dentro da garagem, complementados por motivos florais.
Trabalho de:
Carolina Ramos
David Cunha
Tiago Ribeiro