quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Contexto da Arte Nova

Começando pela contextualização, podemos considerar a Arte Nova, que surge por volta de 1880, como um estilo verdadeiramente inovador e criativo, dando um novo uso a materiais como o ferro, o betão, o vidro e o mosaico e rompendo tanto com o revivalismo como com a abordagem racional da arquitectura do ferro. É um estilo que se desenvolve principalmente nos centros urbanos, num clima europeu de paz económica e política, em que pessoas, mercadorias e ideias circulam mais rapidamente, graças ao desenvolvimento dos transportes.
A Arte Nova nasce apoiada em influências da arte oriental, das estampas japonesas, no gótico flamejante, no rocócó e em alguns princípios do movimento Arts and Crafts, impulsionado por John Ruskin e William Morris. Com este movimento a Arte Nova partilha um ideal unificador das artes, acabando com a diferenciação entre artes maiores e artes menores, a importância dada à valorização dos materiais e ambições mais utópicas como evitar as imitações e fazer ainda assim uma arte de baixo custo, acessível para o povo, o que se revela impossível, uma vez que muitos dos seus objectos manufacturados dificilmente poderiam concorrer com os preços da indústria. Este estilo caracteriza-se por formas curvas, sinuosas e fluidas que envolvem as estruturas, criando uma nova relação em que o ornamento se conjuga com a função, tendo grande importância na decoração, e transmitindo uma sensação de ritmo e movimento, utilizando elementos vegetalistas e zoomórficos, aproveitando-se das tecnologias e inovações que a sua época lhe oferece. Aquilo a que a que se pode chamar "a poesia do ferro". Trata-se de uma arte heterogénea, uma vez que se inspira nas tradições e mesmo nos materiais naturais de cada país, daí ser um movimento que surge com vários nomes: Modern Style na Inglaterra, Art Nouveau na França e na Bélgica, Jugendstile na Alemanha, Sezessionna na Áustria, Liberty e Floreale na Itália e Modernismo na Espanha. Na arquitectura é de destacar o trabalho de Victor Horta, Henry van de Velde, Mackintosh e Gaudi, na pintura, Mucha e Klimt e na joalharia, Lalique.
No caso português, a Arte Nova, como a arquitectura do ferro, teve uma chegada tardia, devido ao atraso português no que diz respeito à industrialização, e a sua expressão não foi muito significativa. Surge, em Portugal, subjugada à arquitectura tradicional, seguindo a estética francesa, funcionando essencialmente como arte decorativa, em azulejos, fachadas, gradeamentos, varandas, janelas, em palacetes, de uma classe mais abastada, e em pequenos espaços comerciais como quiosques, cafés e tabacarias. Como exemplo mais concreto temos a Padaria Inglesa e os azulejos de Bordalo Pinheiro na Tabacaria Mónaco do Rossio. A Arte Nova penetra também timidamente na pintura e na cerâmica, nas telas de Luciano Freire, nas obras de alguns pintores de azulejos e colaboradores da Fábrica de Cerâmica Constância e nas de Rafael Bordalo Pinheiro.


Trabalho de:
Joana Vieira

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